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Entre Irmãos


Se há uma coisa incompreensível no mundo do cinema é a crítica. O filme é lançado e todos se calam sem opinar coisa alguma, porém basta um dizer que a produção é boa ou ruim e logo todos os críticos resolvem expor sua opinião que “coincidentemente” condiz com a crítica inicial, crítica esta que muita das vezes não possui fundamento algum, porém ganha tanta proporção que faz com que filmes ruins sejam ovacionados pela crítica (e só por ela) e recebam suas premiações à parte e até mesmo a estatueta de melhor filme da Academia, assim como ocorreu em 2010.

Com Entre Irmãos, do desconhecido por muitos, Sam Cahill, foi assim, contudo a crítica o rebaixou a uma classificação que não condiz em momento algum com o que o filme realmente apresenta. Antes de seu lançamento havia duvida com relação a indicações a Globo de Ouro e até mesmo possíveis Oscars (o que implica no fato de que muitos achavam o filme bom e digno de premiações), porém bastou a não-ocorrência de indicações pela Academia e o Globo de Ouro que não se levou, e a crítica, no mais alto grau de cinismo, resolveu então dizer que o filme não prestava. Uma das maiores injustiças do cinema atual.

A narrativa conta a história do casal Sam Cahill e Grace e suas duas filhas, uma família feliz e unida que começa a ter sua vida mudada quando o irmão de Sam, Tommy, sai da prisão: no passado, um jovem marginal inconseqüente que hoje é alguém disposto a escrever uma nova história e provar que está mudado.

Em um espaço não muito grande de tempo, Sam, que atua nas forças armadas, é convocado a uma nova missão no Afeganistão onde deve ficar nos próximos meses, entretanto sua ausência temporária em casa, torna-se algo ainda mais complexo quando o helicóptero de Sam é derrubado e todos são tidos por mortos.

Tempo se passa e Grace tenta a cada dia se superar da perda, enquanto Tommy, na esperança de ajudar a família do irmão, começa a se relacionar cada vez melhor com todos na casa e principalmente com suas duas sobrinhas, e é quando Grace vê sua família finalmente aos poucos voltar a ser feliz e claro, passa a ter uma contida e confusa atração por Tommy, algo que poderia se concretizar não fosse a notícia de que Sam , depois de ser capturado e torturado por rebeldes afegãs, está de volta. Um Sam perturbado, de certo modo insano e transtornado com tudo o que viveu enquanto refém (e não sem motivo).

Um filme que tem seu foco na relação humana, Entre Irmãos não tem tanta ação, portanto, não se tem intenção alguma em manter a atenção no trabalho das forças armadas americanas (embora as cenas de Sam em cativeiro sejam realmente bem feitas), o que implica em uma narrativa com fortes diálogos e atuações perfeitas: o grande destaque de toda a produção.

Com Natalie Portman como Grace, Tobey Maguire como Sam e Jake Gyllenhaal como Tommy, a desenvoltura dos três atores flui de maneira natural e apesar das boas atuações cada um se mantém em seu devido lugar, ou seja, coadjuvante faz um perfeito coadjuvante e principal faz um perfeito principal, cada personagem mantendo seu devido lugar na história, ainda que de todos o destaque seja mesmo Tobey Maguire. Sua atuação surpreende a cada momento e nos faz questionar como um potencial como este se restringiu durante tanto tempo a atuações em filmes B, destaque às cenas finais em que ele, sem querer, rouba a cena, leva o filme ao ápice e faz na tela o que ninguém esperaria de Tobey Maguire. Surpreendente, tenso e cativante.

Natalie Portman atua bem, contudo dentro dos limites que seu personagem deve ocupar na trama, assim como Jake Gyllenhaal, a maior promessa do cinema atual, que aqui faz o melhor que seu personagem lhe permite.

Uma refilmagem do até então desconhecido filme dinamarquês Brodre, de 2006, a crítica insiste em dizer que Entre Irmãos não chega nem perto do que é o original, mas claro, se a Academia não deu o braço a torcer, não é surpresa que os críticos neguem o que de fato o filme é: uma produção bem feita, comovente sem ser sensacionalista, com falhas que de tão insignificantes nem merecem ser citadas, e antes de tudo, um show de atuação que vale a pena ser visto.

 
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