RSS

Príncipe da Pérsia e as Areias do Tempo


Dificilmente um filme gera tanta expectativa como a que se tem quando se está há lançar uma adaptação de uma famosa franquia de jogos, foi assim com Tomb Raider, Resident Evil e Silent Hill, adaptações rentáveis, mas que, acometidas pelo grande mal do gênero, se tornaram fracas produções, com roteiros mal escritos e confusos, que a ninguém agradou senão aos poucos fãs das respectivas séries. Parecia faltar um grande nome que de fato, fizesse desses grandes jogos, grandes produções que conseguissem transpor na tela o que de fato o jogo é, com todas as emoções, um roteiro plausível e uma linha narrativa que não só fosse direcionada aos fãs, mas a qualquer espectador.

Por isso, quando se citou o nome de Jerry Bruckheimer a produção de Príncipe da Pérsia e as Areias Do Tempo, a expectativa foi ainda maior, assim como a possibilidade de uma nova franquia de sucesso da Disney, como foi Piratas do Caribe.

Expectativa esta que agradou àqueles que aguardavam grandes efeitos especiais e uma ação corriqueira sem muita explicação, mas uma nova decepção e possivelmente a confirmação de que adaptações de jogos jamais se tornam bons filmes, àqueles que esperavam algo bem feito e digno de admiração.

Mesclando a história de três dos jogos da franquia, a narrativa conta a história de Dastan, um ex garoto das ruas adotado pelo soberano Shahrman, que se vê em uma encruzilhada quando seu tutor é assassinado e as evidências o apontam como criminoso. Dastan então foge junto com a bela e misteriosa princesa Tamina enquanto tenta provar sua inocência e encontrar os verdadeiros culpados e juntos, eles têm também a missão de guardar uma adaga ancestral que permite a seu mestre o controle do tempo e claro, o objeto é a razão de toda algazarra da trama.

O roteiro em si não é ruim, a história é boa e digna de um blockbuster, afinal filmes que visam bilheterias não se preocupam com histórias concretas, porém é a maneira como tudo se dá na tela que gradativamente faz a narrativa se tornar cada vez mais amena e sem importância, um mero entretenimento que logo é esquecido e que entra em conflito com a produção, que se mostra grandiosa e que pretende criar impacto, seja nas cenas de ação, nas cenas aéreas, ou até mesmo na fotografia, tudo é depreciado por um narrativa demasiadamente rápida e que não apresenta interesse algum em se mostrar concreta e a maior prova disso é o próprio protagonista.

Jake Gyllenhaall é um dos melhores atores da atualidade, contudo, no que se refere ao drama, ou em caso mais extremos, em um leve suspense policial como fez muito bem em Zodíaco, mas jamais em uma ação que vise uma franquia de público e sucesso (o que piora ainda mais se ele for o herói da narrativa), o papel não combina, é impossível vê-lo como o salvador de toda a situação, o corajoso que sempre está no controle ou o protagonista que cativa o público, o que aqui o faz ser apenas um ator que tenta, sem sucesso ou qualidade alguma, se fazer valer no papel de herói, tanto que quando divide a cena com qualquer um se torna apenas um mero e insignificante coadjuvante (ainda que aqui nenhum personagem pareça realmente ter importância na trama).

O único objetivo que de fato se alcança em Príncipe da Pérsia é o de entreter, é mal feito, mal escrito e com ridículos personagens, contudo os efeitos, as seqüências de ação e todo o cenário em que a história se passa funcionam como um leve disfarce que faz com que o filme seja algo maior do que realmente é, vendendo então a idéia de algo grandioso e digno de ser tido por um bom filme (o que de maneira alguma é).

Àqueles que querem apenas se divertir sem levar nada à sério, ou encontrar qualquer explicação lógica, o que se tem aqui é uma das melhores opções: um filme que entusiasma, mas que devido a falta de conteúdo (ainda que se tenha o roteiro de três jogos! ), logo é esquecido sem deixar vestígio algum. Já aos que procuram algo concreto ou esperam finalmente uma adaptação que realmente seja tão boa quanto o original, a decepção é inevitável.

 
Copyright 2009 Plantão Cinema. All rights reserved.