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QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO


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É cada vez mais comum se ver nos cinemas filmes repletos de efeitos especiais, explosões, edições de arte esplendorosas e cenas que implicam cada vez mais em ação, barulho, visual e antes de tudo, pouca história. Contudo, deve-se lembrar que a essência de um bom trabalho cinematográfico é constituído primordialmente por um roteiro convincente, uma linha narrativa digna de atenção e boas atuações, afinal, o que se pode acrescentar a isso não é de modo algum essencial à produção de um ótimo filme. Prova disso é Quem Que Ser Um Milionário, de Danny Boyle.
O longa, que se passa em Mumbai, na Índia, conta a história de Jamal Malik, um jovem de cerca de 18 anos que é convidado a participar de um famoso programa de perguntas e respostas chamado Who Wants be a Millionaire?, cujo prêmio maior é a quantia de 20 milhões de rúpias. Jamal então, de origem pobre e quase sem estudos, surpreende a todos os espectadores durante sua participação no game show quando, a uma pergunta do prêmio final, já obtém a quantia de 10 milhões de rúpias, fato tanto quanto curioso já que advogados e doutores quase nunca chegam aos 40 mil; ele então é acusado de fraude e passa a ser interrogado com relação ao seu real conhecimento das respostas; e é aí que a narrativa que se baseia quase toda em flashbacks se torna algo memorável e de admirar a todos, afinal, será mostrado como Jamal obteve conhecimento para chegar ao valor inatingível que tem até então e revelar que as respostas das perguntas que respondeu foram simplesmente obtidas por sua própria experiência ao longo da vida.
Aqui não há efeitos exuberantes, explosões, tecnologia ou então tiros exacerbados que constituem uma ação barata, porém há uma história, uma linha narrativa e atuações que cativam logo no primeiro instante, afinal, é um filme completamente humano que trata de valores que há muito tempo são esquecidos no cinema como amizade, amor, humildade, persistência e o real valor do dinheiro que, apesar de constituir de certa maneira o título original e a origem de toda a narrativa, é uma simples conseqüência secundária de tudo que pode acontecer.
Uma obra-prima que realmente faz o que prega, trazendo uma moral cuja síntese se concentra no destino daqueles que lutam pela vida com humildade e persistência, assim como o próprio Slumdog Millionaire (título original do filme), que surgiu como um trabalho humilde e quase sem importância, mas que aos poucos foi ganhando forças e grandezas dignas de seu roteiro; é portanto uma produção que faz o que realmente fala, diferente de outras que tentam pregar valores humanos quando o filme se baseia unicamente em técnicas visuais e seres místicos que fizeram dos atores (os verdadeiros humanos) simples objetos necessários a implementação de movimentos corporais.
Emocionante, de encher os olhos e promover o frio na barriga que incita ainda mais no desejo de se ater a narrativa. Um filme em que não há atores conhecidos ou rostos famosos que se prendem a beleza, mas há atores iniciantes que graças ao fato de não serem conhecidos e não apresentarem os costumeiros aspectos físicos de Hollywood (e isso não é uma ofensa) promovem no espectador ainda mais o sentimento de empatia. Atuações perfeitas que realmente cativam somente pelas ações e ideologias de suas personagens, destaque a Freida Pinto, no papel de Latika e Dev Patel, na pele do emocionante Jamal Malik.
Um trabalho baseado no livro de Vikas Swarup, lançado em 2005, cuja história é feita com o coração, um filme que cativará e que há de emocionar a todos; uma lição de vida que há tempos não se via no cinema, um trabalho que além de suas 8 estatuetas do Oscar, merece antes de tudo ser visto.

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