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O Último Mestre do Ar


Nem sempre quando um ótimo filme é lançado, ovacionado pela crítica e consagrado como uma referência no gênero significa que seu diretor terá os mesmos méritos ao longo de toda sua carreira, ainda mais se esta for sua primeira produção de destaque.

Quando O Sexto Sentido foi lançado em 1999, a aprovação da crítica foi quase unânime, assim como a do público, que não só lhe propiciou uma rentável bilheteria, como o tornou um suspense popular e único como nenhum outro. O diretor, M. Night Shyamalan, claro, era a promessa de uma brilhante carreira no gênero.

Contudo, com Corpo Fechado, em 2000, as coisas começaram a mudar, era um filme que chamava a atenção, cativante, mas com péssimo desfecho. Era o começo de sua carreira, portanto um tropeço seria algo comum, a crítica preferiu apenas ignorar. Porém o que se seguiu foi uma triste decadência que se mostrou cada vez pior.

Sinais, A Vila, A Dama na Água e Fim dos Tempos, a lista da desgraça que, com o objetivo de ser ainda pior que o anterior, se mostraram péssimos suspenses ao melhor estilo irmãos Coen: filmes chatos, mal escritos e que não empolgam e em nada contribuem. E se Fim dos tempos era o ápice de tais méritos, eis que chega O Último Mestre do Ar.

Baseado na franquia de animes Avatar, o longa conta a história de Aang, um garoto encontrado por dois irmãos que, em um mundo onde as nações são divididas de acordo com os elementos que têm a habilidade de controlar, pode ser o único capaz de ter o poder de controlar todos eles e assim salvar as demais nações da nação do fogo que, subentende-se , deseja a destruição e o domínio de todos.

A começar, o primeiro defeito de toda a história é o modo como ela se apresenta, não há preocupação alguma com o grande público que nunca se quer teve conhecimento da franquia, não há uma apresentação dos personagens, do contexto em que se trata a narrativa ou então o porquê de todo o alvoroço em torno de Aang, cuja interpretação e participação na história não poderia ser pior (e claro,é o principal de toda a narrativa, ou seja, o ridículo está presente a todo o tempo).

O novato Noah Ringer, que interpreta o garoto Avatar, faz na tela um personagem chato, um mocinho dos romances que, na base da paz, deseja a união de todos e ao mesmo tempo ser o centro de toda a atenção. Tão ridículo e ruim que de fato parece ter características de personagens de séries da Disney e, lógico, de maneira alguma conquista o espectador.

Um filme vazio, pobre em narrativa (ainda que seja o resumo de uma temporada do anime), pobre em ação e miserável nos diálogos ou em qualquer conceito ou idéia que queira passar, afinal, até mesmo os princípios de mundo espiritual que tenta se focar o tempo todo em nada convencem. É algo que não cativa e não empolga, é um filme em que se assiste sem se importar com a narrativa ou com qualquer desfecho que venha ocorrer, não há interação alguma com o público ou então algo que se preze, uma lástima que se torna ainda maior quando se vê Dev Patel em cena, um ótimo ator de 20 anos, cujo primeiro filme foi Quem Quer Ser Um Milionário, que faz um fraco personagem mal escrito que em nada lhe contribui, assim como todo o filme em si.

Para quem um dia foi tido como genial, a carreira de M. Night Shyamalan revela apenas que O Sexto Sentido foi uma jogada de sorte, um primeiro e único tiro certeiro que realmente tinha valor, contudo, que desencadeou uma série de outros que o consagraram como um dos piores diretores da atualidade que, no ápice de sua falta de qualidade, faz de O Último Mestre do Ar um dos favoritos a pior do ano.

 
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