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Preciosa - Uma história de esperança


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Que o Oscar é uma verdadeira caixa de surpresa repleta de coisas boas, ruins, blockbusters e produções muita das vezes que vem a ser desconhecidas por quase todo o público, isso não é novidade. Todo  ano é quase sempre a mesma historia: um ou dois dos indicados são conhecidos por quase todos, um ou outro está lá por razões que de maneira alguma é compreensível o porquê, mas que ainda assim a Academia faz questão de indicar (como sempre acontece com os irmãos Coen), outros que são verdadeiramente dignos de tal premiação, e outros dos quais jamais se ouviu menção alguma até então, seja do próprio filme, do elenco ou de seu diretor. Assim como foi com Precisa, o drama dirigido por Lee Daniels, o desconhecido e “recente” diretor do também desconhecido por muitos, Matadores de Aluguel.
Preciosa, baseado no romance “Push” de Sopphire, como diz a tradução do título original, conta a conturbada história de Claireece Precious Jones (interpretada pela novata, mas de maneira alguma ruim, Gabourey Sidibe); Preciosa, como é chamada por todos, é uma garota de 16 anos, negra, obesa, analfabeta, que está grávida do segundo filho de seu pai que a violenta sexualmente desde os três anos de idade e possui uma mãe demasiadamente violenta, drogada e envolta a bebidas alcoólicas, fatores estes que não só promovem ao filme uma atmosfera extremamente pesada e de comoção, como também nos leva a refletir em quê um filme comeste roteiro nos acrescentaria, ou até mesmo o porquê alguém faria um filme como este.
Contudo, já é nos primeiros 5 segundos de Preciosa que se percebe que, apesar do drama e da difícil vida de Claireece Jones, a moral do filme certamente será bem diferente e até mesmo contrastável com o que se verá nos próximos minutos. Isso porque antes mesmo de tudo começar surge na tela o provérbio “Tudo é um presente do universo”, frase esta que com certeza é lembrada ao se chegar ao desfecho da narrativa.
Apesar das diversas indicações, não só do Oscar, mas também de outras importantes premiações, Preciosa levou a estatueta de melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado, os dois únicos fatores que de fato fazem de Preciosa um filme merecedor do prêmio, afinal, apesar do roteiro brilhante, das atuações convincentes e marcantes, quase tudo aqui deixa a desejar, desde a trilha sonora, a fotografia e até mesmo como tudo se dá na tela; claro que isso de modo algum faz de Preciosa um filme ruim (muito pelo contrário), mas são falhas que se não existissem contribuiriam muito mais ao desempenho final de toda a produção e com certeza ao aperfeiçoamento na técnica de fazer com que todo o público compreenda e sinta a moral da narrativa.
Porém, Preciosa é um filme feito pela emoção e não pela razão, portanto, o que vale aqui é o roteiro e as atuações, e estes de maneira alguma deixam a desejar, principalmente a atuação de Mo’nique como a mãe violenta, estúpida e viciada, e se ao longo do filme sua premiação como melhor atriz coadjuvante ( que foi unânime nas mais importantes premiações do cinema) for duvidosa a alguns, basta aguardar e ver sua atuação nas cenas que levam ao desfecho da narrativa, uma atuação marcante, comovedora, que não só promove a reflexão de todos com relação a tudo até então mostrado, como também emociona.
Um filme, claro, conturbado, triste, mas que, apesar de sua narrativa pesarosa e do lado negativo de tudo, nos leva e pensar no lado bom de todas as situações, na força de vontade de muitos e o desejo de mudança por uma vida melhor, e que, apesar de muita das vezes o fim ser um fator determinado e inalterável, vale a pena lutar. Moral esta que o próprio título em português estampa em sua capa em um nome que diz tudo: Preciosa – Uma história de Esperança.

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