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Bastardos Inglórios


Se há um diretor que ostenta cada vez mais diferentes críticas a seu respeito, esse alguém é Quentin Tarantino, enquanto a alguns é tido apenas como um nerd que resolveu fazer cinema baseando-se em seus fascínios adolescentes, por outros é tido como um mestre do cinema atual que se destaca por trazer produções que muita das vezes conseguem, sem se ater a efeitos ou até mesmo trilhas sonoras, manter um diálogo tenso, que conduz o espectador a um interesse cada vez maior na narrativa (15 minutos de Kill Bill Vol. 2 para compreender que de fato, tal afirmação de modo algum condiz coma realidade, e que os diálogos de Tarantino não passam de cenas cansativas, ridículas, que nada incitam senão o desejo de se desligara TV) . Portanto, se há necessidade de citar as qualidades de Tarantino, que seja dita a atmosfera sinuosa e a violência extrema de seus filmes, que essa sim, é sua marca registrada e que faz de seus filmes produções de destaque (se boas ou não, já é outra história).

Depois de Pulp Fiction, Cães de Aluguel, Kill Bill Vol. 1 e Vol. 2 e outros trabalhos não tão famosos, mas também violentos e com um roteiro quase esquecido (ainda que Pulp Fiction tenha recebido alguns elogios) era certo que Quentin Tarantino não passava de um jovem diretor que não se importava de maneira alguma em fazer bons filmes ao público, mas em apenas criar produções que agradassem a si próprio e fossem, claro, repletos de seus estranhos fascínios.

Porém surge Bastardos Inglórios, a possível comprovação do amadurecimento de Quentin Tarantino ou então apenas uma exceção à regra de sua polêmica carreira.

A história dividida em capítulos (como os demais de Tarantino) inicia-se na França ocupada por nazistas em que Shosanna Dreyfus testemunha a execução de sua família judia por ordens do coronel nazista Hans Landa, ela então foge desesperada para Paris, onde assume uma nova identidade e posteriormente se torna dona de um cinema. Paralelo a isso, também na Europa, há o tenente Aldo Raine (finalmente uma interpretação sensacional de Brad Pitt), líder de um grupo de soldados judeus conhecido por Bastardos, cuja única missão é torturar e matar nazistas, missão esta cujo ápice de seu objetivo se concentrará no cinema em que Shosanna planeja sua vingança.

Um roteiro que mistura fatos históricos com uma ficção tensa e divertidíssima. É certo que Bastardos Inglórios não agradará àqueles que acreditam piamente na idéia de que ficção é ficção e realidade é realidade, porém há de se compreender que o que Tarantino faz aqui é um roteiro digno de um filme que até então nunca havia feito em nenhum de seus trabalhos anteriores. Ma não só um bom roteiro e uma linha narrativa cativante, Bastardos Inglórios tem outros dois fatores que o tornam melhor ainda mais, e que podem provar (ou então ser uma exceção), de que Tarantino reviu sérias conseqüências: atuações de destaque, convincentes e marcantes e o uso da violência como algo necessário à história e, se comparado a outros, uma violência “singela” que não constrange o espectador, mas que trazem ao filme uma atmosfera cada vez mais propícia às qualidades da narrativa.

Clima tenso, violento e misturado a constantes doses de humor que elevam o entretenimento da história e que se torna ainda melhor quando os dois destaques da trama contracenam: Brad Pitt e Christoph Waltz (que levou merecidamente o Oscar de melhor ator coadjuvante). Brad Pitt, que de fato jamais teve destaque em suas atuações, traz à tela um contraste de bom humor com sinuosidade e tensão, que mesmo sem dizer frase alguma em determinados trechos ainda assim se mantém em cena, como Christoph Waltz, na pele do coronel nazista Hans Landa, que além de atuar em mais de três idiomas, eleva ainda mais o clima sombrio e perspicaz da narrativa.

Enfim, a obra-prima de Quentin Tarantino como diretor, um filme admirável, premiado e que prova que, se quiser, Tarantino pode reunir suas qualidades, reter seus fascínios exagerados, consertar graves erros e realizar ótimos filmes.

1 comentários:

Unknown disse...

Um amigo me falo sobre Tarantino ele gosta muito...me disse que seus filmes são muito MALUCOS. Mas eu ainda não vi nenhum dele, esse filme saiu muito da linha que ele costuma fazer?? Eu vo assistir esse e um mais antigo pra comparar e dar minha opinião..ta

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