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Zona Verde


É fato, filmes cujo enredo tem como cenário o Oriente Médio não são rentáveis, possuem míseras bilheterias e atualmente parecem não ter sua merecida participação nos cinemas, até mesmo Guerra ao Terror, o “grande” vencedor do Oscar 2010 e elogiado pela crítica, ainda assim não conquistou o público, empoeirou nas videolocadoras e passou a encabeçar a lista dos vencedores do Oscar que menos lucraram na história do cinema (apenas o suficiente para cobrir os custos da produção), mas ainda assim foi exaltado por toda a crítica como um exemplo de inovação : a infeliz política que infelizmente se mantém ativa na Academia (não fosse a falsa moral americana levantada no desfecho de Guerra ao Terror e jamais haveria atenção alguma e seria apenas mais um que passaria batido por todos).

Entretanto, produções que se passam no Oriente Médio, assim como qualquer outro filme, não devem ser taxadas como ruins, afinal, a classificação de uma produção não é dada baseada no cenário em que se passa ou em um pré-conceito criado mediante a análise de seus antecessores. Uma triste injustiça que acomete Zona Verde, do diretor Paul Greengrass, que também dirigiu os dois melhores da trilogia Bourne e mostra mais uma vez que a fórmula do agente secreto ainda empolga como nenhuma outra.

Tendo como ator principal Matt Damon (sim, o próprio Jason Bourne), Zona Verde conta a história do sargento Roy Miller, um oficial do exército americano que como tantos outros, tem a missão de encontrar as armas de destruição em massa que supostamente foram escondidas por Saddam Hussein em áreas específicas do território de Bagdá. Contudo, depois de seguir diversas pistas frustradas de seus oficiais, Miller passa a suspeitar de que tudo não passa de uma simples encenação em que os verdadeiros motivos de estarem ali ainda permanecem ocultos. E é então que, sozinho, desafiando regras e seguindo princípios contrários a de seus superiores, ele resolve seguir em busca da verdade e encontrar a razão que faz com que o exército americano insista em permanecer no território. O que o torna um inimigo e uma séria ameaça que deve ser detida.

Agentes da CIA, comandantes, jornalistas, perseguições e uma narrativa que caminha em um ritmo rápido que faz com que o espectador de fato se sinta imerso em todo o clima de tensão e agitação que caracteriza toda a narrativa: a típica fórmula de Bourne que infelizmente parece ser a única coisa destacada pela crítica que simplesmente classifica Zona Verde como uma mera cópia do agente secreto.

Sim, realmente tudo se desenrola como a trilogia (além do diretor e ator, até mesmo a câmera trêmula é empregada), porém aqui há outro plano de fundo, outras razões para todas as perseguições, uma moral e uma conciliação que poucos do gênero sabem fazer: a ação com inteligência, tiros, explosões e correria que realmente são necessários ao desenvolvimento de toda a história. Uma produção cujo roteiro tem fundamentos e a ação é uma conseqüência de todas as razões. Além disso, não fosse somente o roteiro brilhante adaptado do livro Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq`s Green Zone e o desenrolar tenso que faz com que o público receba as informações e as processe na mesma velocidade em que seu protagonista, Zona Verde se destaca também por suas atuações.

Matt Damon, claro, nasceu para o papel, cativa o público já nos primeiros minutos e a cada instante convence ainda mais e de igual maneira conduz o filme a seus verdadeiros objetivos, assim como o coadjuvante Khalid Abdalla, como o afegão Freddy, que sempre que aparece em cena torna tudo ainda mais empolgante.

Enfim, uma produção em terras do Oriente Médio que realmente chama a atenção e foge dos típicos desfechos americanos. Uma moral que lhe rendeu uma péssima aceitação nos Estados Unidos, uma fraca divulgação nos países em que foi distribuído e que lhe implicou em apenas um terço do custo da produção e um final que se preocupa apenas em retratar a verdade de toda a situação, sem se importar com política alguma e faz disso sua maior qualidade: o anonimato por uma história realmente boa, inteligente e cativante. Ponto para Bourne.

5 comentários:

Jason disse...

Excelente texto cara.

Achei Zona Verde sensacional. Ele não é apenas ação, Greengrass consegue criar uma obra mais política do que de ação. Talvez seja por isso que não foi bem recebido, já que esperavam um novo Bourne. E graças a Deus ele não cometeu esse erro. Damon conseguiu desvincular por completo, e encarnou um personagem que não tem nada a ver com Bourne.

Os Confundidos disse...

Uma ótima crônica. Porém não concordo quando você generaliza dizendo que filmes cujo enredo tem como cenário o Oriente Médio não são rentáveis...
Acredito que depende muito da produção....

Macaco Pipi disse...

AH
OS CARAS SÃO BONS!

Micael Araújo Andrade disse...

Você é um bom crítico de cinema,muito bom seu texto!
A grande maioria dos filmes com foco no oriente médio é fraco demais!
E um tema que mostra as merdas que fazem por lá!
Vou assistir o filme e ver se é bom!

PENHA''' disse...

Verdade, filmes com cenario
no oriente médio, não costumam ser bons,
talvez seja um pouco de genaralização de minha parte, mas, vou tentar ve-lo , pra poder
dar minha opnião, enfim .-.

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