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A Origem


Desde quando foram divulgados os primeiros cartazes de A Origem ficou claro que se estava prestes a lançar uma grande produção. Não só por ser o mais novo filme de Christopher Nolan, mas porque, além do roteiro guardado a sete chaves (o que despertou ainda mais a curiosidade), eram imagens que transmitiam idéias surrealistas, conceitos de enigmas e um elenco que, independente das atuações serem boas ou não, era demasiadamente interessante. Se A Origem era algo tão bom quanto se esperava, isso ainda era incerto, mas o marketing que o antecedia realmente funcionava, e com sua estréia, tudo se confirmou e se mostrou ainda melhor: um delírio visual e psicológico que não só surpreendeu a todos, mas também se fez valer como o melhor filme do ano.

Não é de hoje que Christopher Nolan tem a fixação por idéias complexas e roteiros inteligentes que se baseiam em suspenses psicológicos, afinal, Amnésia e Insônia foram os filmes que tornaram seu nome conhecido pelo público e o consagraram como um diretor de admiração, ainda que o ápice do sucesso tenha sido alcançado com O Cavaleiro das Trevas, o melhor filme de super-herói já feito até hoje (e não há nenhum exagero nesta afirmação), portanto, o diferencial com relação a seus trabalhos anteriores é que, graças a Batman, Nolan tinha em mãos todo o dinheiro necessário ao projeto que ainda não havia tido em nenhuma outra de suas produções. Um complexo roteiro, grandes efeitos e um alto custo de produção. O mesmo Nolan, mas dessa com todo o dinheiro a sua disposição.

A narrativa, que já se inicia sem introdução alguma, ou qualquer explicação com relação a sua trama (o que faz tudo ser ainda melhor e mais interessante) gira em torno de Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), um tipo que em seu trabalho como extrator, é especialista em roubar informações infiltrando-se na mente de seus alvos através do compartilhamento de um mesmo sonho, ou seja, uma espécie de espionagem industrial realizada no subconsciente de cada pessoa, uma ação realmente tida por um complexo projeto que é elaborado por diferentes elementos da equipe de Cobb: um arquiteto responsável pela elaboração dos cenários dos sonhos , um armador, o responsável por fazer para com que tudo saia de acordo com os planos (Joseph Gordon-Levitt , de 500 Dias com Ela), um falsificador, que , em um sonho tem a capacidade de assumir a aparência de diferentes pessoas, e um químico, que formula as diferentes drogas que sustentam os vários níveis de sono. Uma experiente equipe que recebe uma nova tarefa que, ao invés de extrair, consiste em inserir uma informação na mente de uma pessoa, fazendo-a acreditar que de fato tal idéia seja algo verdadeiro que condiz com a realidade, uma tarefa que, apesar de divergir opiniões entre os membros da equipe, é acatada por Cobb (o líder) que é motivado pela promessa de que caso a missão obtenha sucesso será absolvido dos assassinatos pelos quais é acusado e que o impedem de voltar a sua casa (os porquês, claro, são explicados somente ao longo de toda a narrativa).

A idéia de manipulação de sonhos ou a vivência em uma realidade alternativa criada em um ambiente psicológico não é novidade e já foi mostrada diversas vezes nas telas, o que pode a princípio, fazer com que muitos acreditem que A Origem não passe de um roteiro batido que se faça valer somente pela ação, e é justamente por não se encaixar nesta tese que a produção de Nolan se engrandece ainda mais. Tivesse somente o impacto visual que surpreende a todos e as cenas empolgantes e memoráveis (como a de Joseph Gordon-Levitt tentando salvar toda a situação em gravidade zero em um corredor de hotel), A origem já seria um filme de destaque, porém há outros dois fatores que o fazem melhor e o diferenciam dos demais filmes que possuem uma temática semelhante e por vezes se perdem na ação barata: perfeitas atuações e uma história que, conforme se compreende a narrativa, se torna ainda mais complexa e interessante.

A começar por Leonardo DiCaprio que vive um personagem parecido com o de seu último trabalho e que teria tudo para cair na mesma atuação que executou em Ilha do Medo mas que , apesar de ambos os personagens estarem em um suspense psicológico, faz algo completamente novo e consegue já nos primeiros minutos a empatia por parte do público, representando assim mais uma grande atuação de DiCaprio que desde Diamante de Sangue apresenta trabalhos cada vez melhores, mas que aqui ainda assim perde a cena para Gordon-Levitt, famoso pelo Tom Hansen no ótimo e inesquecível 500 Dias com Ela e que mostra para o grande púbico que é um ator que se adapta a todo gênero, desde uma leve comédia romântica a um impactante drama como o de Mistérios da Carne (desconhecido por muitos, mas que com certeza,merece ser visto), um ator que devido a sua capacidade única de atuar, há de ser a bola da vez do cinema dos próximos anos.

É certo que para alguns há de ser o enigma do ano, um daqueles filmes que muitos assistem sem de fato compreenderem o quão complexa é a trama, afinal é uma narrativa que não só exige atenção como um rápido e constante raciocínio lógico do espectador cujos anseios são os mesmos da personagem de Ellen Page, a nova arquiteta, que assim como o público, desconhece todo o universo e procura a todo instante situar-se no novo cenário em que passa a viver, ou seja, a alternativa de Nolan para ligar o público com ambiente surreal criado, que, após se tornar conhecido do espectador, faz tudo ser ainda melhor, empolgante e ainda assim surpreendente a cada novo instante.

Uma produção que, diferente de outras de seu tempo, tinha tudo para ganhar somente com seu visual, mas que preferiu ainda assim investir na complexidade e inteligência de um bom roteiro e se fazer valer por uma boa história que, se analisada atentamente se mostrará ainda melhor e maior do que a princípio aparenta ser.

Algo único e memorável.

3 comentários:

Anônimo disse...

COMPLEXO É POUCO ;/
Ellen

Eslainee disse...

Eu estava lendo ate que entao vc começa a contar o filme q nao assisti! parei na hora! volto assim q assistir o filme! rs

Zeca disse...

Filme muito bom Tiro o chapeu, a trama muito boa, bastante complexo rsrs mas é bom, recomendo a todos ae da poltrona..

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